Bar Makiolka, no Tingui, atrai clientes fieis desde 1932
Desde 1932. Não são muitos esbelecimentos que podem dizer que estão abertos há tanto tempo em Curitiba, quem dirá um bar. E muito menos que o negócio sempre fez parte da mesma família.
Essa é a história do Makiolka, boteco raiz do bairro Tingui, aberto há quase 100 anos, pelo bisavô do Leandro, atual proprietário. Na época, a rua que passa lá frente se chamava Estrada da Graciosa – lá era passagem entre Curitiba e São Paulo, e não tinha praticamente nada na região.
A família teve tanta importância no desenvolvimento da região que o Theodoro Makiolka, bisavô do Leandro, virou até nome de rua. Como tantos estabelecimentos da época, começou não só como bar, mas também como um armazém de secos e molhados, e mantém o mesmo estilo de decoração até hoje. O balcão e o piso são os mesmos desde que o bar abriu, verdadeiras relíquias da botecagem.
Uma viagem no tempo
Ao chegar ao bar, não tem como não ver logo de cara o Leandro lá no balcão: com sua barba marca registrada e simpatia, conversa com todo mundo que chega ao bar, seja cliente frequente ou recém chegado.
A atmosfera é acolhedora. Bar pequeno, com balcão que atravessa de fora a fora, onde a clientela apoia os cotovelos e passa horas conversando. Paredes entulhadas de garrafas e objetos antigos. Estufa de salgados e potes de plástico com rollmops e as clássicas conservas de boteco. Fotos antigas do bar pelas paredes, você sente que viajou no tempo ao estar ali. Mesas na área externa e apenas uma ou outra mesinha lá dentro – o pessoal fica mesmo é no balcão, conversando com o Leandro e com a rapaziada que trabalha no bar.
Mal entrei no bar, já me senti em casa. Quem estava por ali já me cumprimentou, parecia que estava entre amigos. O atendente veio sem demora, e ao perguntar que cerveja eles tinham, a melhor resposta: “Todas. É só escolher”. Realmente, tem de tudo quanto é tipo de cerveja de garrafa, e os preços são super honestos. Além daquela gelada, não deixei de provar a famosa batida de maracujá do Makiolka, receita de família.
Um verdadeiro boteco raiz, mas com um algo a mais: aos sábados rola som ao vivo, com os músicos tocando no cantinho e a galera curtindo bem de perto, meio espremidos mas até dançando na pequena mas deliciosa área do bar.
No sábado em que fui ao Makiolka quem estava tocando era a dupla The Hound Cats, com muito rockabilly e simpatia. Sentamos na mesinha colada na banda, e a experiência de estar num boteco antigo desses, curtindo um som ao vivo e conversando com todo mundo que estava no bar, foi tão boa que é até difícil de descrever. Só indo ao bar pra entender.
Possivelmente o mais antigo de Curitiba
O registro do bar é de 1932, mas recentemente eles encontraram registros mais antigos, em recortes de jornal e documentos variados, que mostram que na verdade ele é de antes disso, da década de 20. Não se sabe ainda a data certa de abertura, mas segundo relatos do avô do Leandro, o bar pode ser de 1922.
O objetivo agora é conseguir a aprovação da alteração da data de abertura do bar para a década anterior, o que faria com que o Makiolka se tornasse o bar mais antigo de Curitiba – além de ser o único em que o negócio foi apenas de uma família durante todo o tempo de existência.
Mas seja da década de 20 ou de 30, o que mais importa é a experiência que se tem ao visitar o Makiolka. Bar simples, sem frescura, acolhedor, histórico e com muita tradição familiar – não é a toa que quem vai, volta, e que quem tá lá, não quer ir embora de jeito nenhum.
Makiolka
Av. Monteiro Tourinho, 1000
Horário: de 2ª a 6ª das 15h às 00, Sáb das 11h às 23h, Dom das 11h às 16h
Mais infos: https://www.instagram.com/makiolka.bar32/
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Esse é o post de abertura da série “Bares com muita história pra contar”. Curitiba tem muitos bares antigos, e aos poucos vamos contar a história deles por aqui. Se curtiu essa história, compartilhe! E se tiver um bar pra sugerir, é só enviar a sugestão por email.